Se você irá conduzir a sua primeira entrevista com uma pessoa candidata ou ainda não se sente plenamente confiante durante esse momento, provavelmente deve estar se perguntando: “Por onde eu começo?”, ou então: “Como posso aprimorar as minhas skills enquanto entrevistador(a)?
Bom, vamos por partes e de forma tranquila! Afinal, ninguém nasceu sabendo, não é mesmo?
Acredito que o primeiro passo para se ter sucesso nesse momento começa antes mesmo das entrevistas com as pessoas candidatas se iniciarem. Então vamos à primeira dica:
DICA nº 1: Entenda afundo o seu projeto
Quando recebemos aquele primeiro documento com a descrição técnica da vaga, às vezes até nos assustamos com o tanto de requisitos (bullet points) exigidos pelo contratante! Mas não se assuste, nem sempre o perfil ideal para a posição irá atender a todos os bullet points da job description (JD).
É interessante que você possa destacar os principais pontos da JD, como:
- Nome do cargo;
- Senioridade;
- Requisitos Técnicos (hard skills);
- Requisitos Comportamentais (soft skills);
- Informações extras como Modelo de contratação, Modelo de trabalho, Carga horária e Horário de trabalho.
Após destacar esses pontos, busque identificar quais dos requisitos técnicos possuem tecnologias ou competências que você não conhece ainda.
Tente pesquisar com uma ajudinha do Google ou do nosso querido Chat GPT para entender um pouco mais sobre esses tópicos, e, dessa forma, você terá mais domínio para tirar suas dúvidas no momento do Alinhamento de Perfil com o cliente.
Alinhamento de Perfil:
Se você está iniciando como um(a) recruiter, provavelmente você ainda não conduz os momentos de alinhamentos de perfil com clientes, ou seja, participa mais como ouvinte. Se esse for o caso, não se preocupe, você ainda pode contribuir bastante para o momento!
Seria legal se você pudesse elaborar questões referentes ao perfil que o cliente busca como, por exemplo:
- Qual o principal desafio que esse profissional irá enfrentar?
- Sobre os requisitos técnicos, o que é mais essencial dentre os bullet points expostos na JD?
- Sobre os aspectos comportamentais, o que é mais esperado da pessoa?
E de quebra, você ainda pode perguntar algo do tipo: - O que para vocês é imprescindível nesse profissional?
- Existe alguma pergunta que vocês fazem internamente para sondar aspectos técnicos e/ou comportamentais de uma pessoa candidata?
Dessa forma, você sai de um ponto onde não sabe quase nada sobre o projeto, para um entendimento quase que total do que o cliente espera sobre esse perfil, com isso, partimos para o SetUp da posição.
SetUp da Vaga:
Agora chegou uma das partes mais importantes do processo, onde iremos colocar na ponta do lápis todos os pontos que anotamos nas etapas anteriores, para assim, termos uma visualização concreta do que o cliente está pedindo.
- Tente destrinchar o desafio da posição: em poucas palavras, traga o que você entendeu sobre como será a atuação do profissional no cargo;
- Identifique todos os bullet points: organize as hard skills, soft skills e desejáveis da posição de forma objetiva;
- Prepare as suas copies, links importantes, planilhas e documentos.
DICA nº 2: Tenha um bom roteiro de entrevista
Seria interessante se você pudesse criar perguntas estratégicas e semiabertas para a sua entrevista com candidatos. Mas o que isso significa?
Bom, imagine que você está em uma entrevista de emprego, e a pessoa entrevistadora te faz perguntas como:
“Quanto tempo você tem de experiência com a linguagem Java?” ou “Você sabe fazer testes automatizados?” ou até mesmo “Me explique o que é Desenvolvimento Backend.”
Como você se sentiria ao ter que responder apenas com “sim”, “não” ou dar alguma explicação básica sobre algum conceito?
Perguntas como essas, podem tirar o dinamismo do momento da entrevista. E assim, talvez você saia do meeting com muitas dúvidas ou sem saber o que fazer com aquelas informações.
Então seria legal se você pudesse elaborar perguntas como:
“Vi no seu currículo que você codifica com Java desde 2018. Você poderia me contar sobre algum projeto relevante em que você tenha atuado com essa linguagem e quais outras tecnologias estavam envolvidas?”
ou
“Um dos requisitos essenciais para a posição é saber realizar testes automatizados no código. Queria que você me trouxesse como é o seu processo de testar códigos de forma automatizada e quais ferramentas você utiliza para isso.”
ou
“Você, enquanto uma pessoa desenvolvedora backend, poderia me explicar qual é o papel principal da sua área? O que você enquanto profissional soluciona?”
Percebe que agora ficou bem mais dinâmico e fluído? Perguntas semiabertas te ajudam a entender melhor sobre como é o raciocínio da pessoa sendo entrevistada e por quais contextos e desafios ela já passou.
Além disso, também seria interessante se você pudesse aplicar perguntas estratégicas e semiabertas para todas as hard skills e soft skills essenciais para a posição.
É importante também que você possa questionar à pessoa entrevistada sobre a sua motivação. Então, você pode fazer perguntas como:
“O que te chamou mais a atenção nessa posição ou nessa empresa?” ou, “O que te brilhou mais os olhos para participar desse processo seletivo?” ou então “O que você espera encontrar na nossa empresa, que ainda não encontrou em empresas anteriores?”.
Por fim, você pode finalizar a sua entrevista perguntando sobre itens mais específicos, como:
- Você está participando de outros processos seletivos? Se sim, quais etapas?
- Me confirma a sua pretensão salarial? É como você trouxe na inscrição, de X a Y?
- Se não se importar, eu gostaria de entender a sua realidade atual em termos de remuneração e benefícios que você recebe. (ou recebia, caso a pessoa esteja desempregada)
- Você confirma a sua disponibilidade para trabalhar no Modelo de trabalho X?
Nos momentos finais da entrevista, você pode explicar sobre os próximos passos do processo e como e quando a pessoa irá receber o próximo contato também.
Caso queira, você pode se colocar à disposição para tirar dúvidas ou auxiliar a pessoa durante o processo.
Seria legal se você pudesse abrir um momento final para a pessoa candidata fazer perguntas ou tirar dúvidas, caso necessário.
E pronto! Agora basta agradecer pelo momento, desejar um ótimo dia/semana e uma boa sorte! 🙂
DICA nº 3: Rapport, a famosa quebra de gelo
Com o roteiro em mãos, agora você está pronto (a) para realizar a sua entrevista. Mas antes disso, deixa a gente te contar um pouco sobre o Rapport, ou, a famosa “Quebra de gelo”.
O Rapport é uma palavra que teve origem na França e que basicamente significa criar um vínculo, relação ou elo entre pessoas.
Quando você entra em uma entrevista e a pessoa está na sala te esperando, possa ser que ocorra aquele momento clássico, tipo:
Você inicia falando: “Oi, tudo bem?”. E a pessoa te responde: “Sim, tudo certo, e com você?”. E você responde de volta: “Por aqui tudo certo também, obrigado(a)!”.
Daí você trava e não sabe mais o que dizer. É normal, acontece! No entanto, existem técnicas como o Raport, por exemplo, para driblar esse possível constrangimento.
Entenda que, se a pessoa entrevistada não se sentir confortável com você no momento, talvez ela não te traga as informações que você precisa extrair dela na entrevista!
Então, é aí que entra a famosa Quebra de gelo, onde você investe um ou dois minutos no início da entrevista, para elogiar um quadro que está aparecendo no quarto da pessoa, ou perguntar de onde a pessoa está falando e perguntar como está o clima lá, se apresentar brevemente ou até mesmo se a pessoa estiver com uma camisa de time de futebol, perguntar para ela se ela assistiu ao jogo de ontem.
Claro, você pode e deve adaptar a sua abordagem a depender da cultura da sua empresa. Mas pense o seguinte, normalmente as pessoas que são entrevistadas estão se sentindo nervosas por conta do momento.
E no final do dia, somos todos seres humanos. Você não necessariamente precisa ter uma abordagem demasiadamente formal e objetiva para com a pessoa entrevistada, afinal, tudo que é demais pode fazer mal, já diziam as(os) nossas(os) avós(ôs), certo?
DICA nº 4: Verifique os seus equipamentos
É de suma importância que antes de qualquer reunião virtual com pessoas entrevistadas (com pares ou clientes também), você possa dar uma checada nos seus equipamentos.
Então, alguns minutos antes do horário agendado, confira o seu microfone, câmera, internet, fundo virtual e outros itens que podem acarretar dificuldades técnicas durante a reunião.
É isso, essa dica foi rápida mesmo, vamos para a próxima.
DICA nº 5: Esteja apresentável
Estar apresentável não significa estar elegante, com roupas de luxo. E também não é uma regra, mas demonstra que você tem comprometimento com aquele momento, e com o seu trabalho também!
Então estar apresentável é apenas o básico da higiene, ou seja, estar com uma roupa limpa, com o rosto limpo…
Além disso, evite utilizar camisas regatas, com grandes decotes com ou estampas chamativas. Novamente, não é uma regra, no entanto, utilizar camisas T-shirt básicas ou outras roupas um pouco mais formais pode demonstrar que você leva aquele momento a sério.
E mais que isso, você nunca sabe qual será a percepção da pessoa do outro lado da tela. Possa ser que ela não se sinta confortável ao estar em um momento sério com uma pessoa entrevistadora usando vestimentas casuais.
DICA nº 6: Não tenha medo de improvisar
No começo parece impossível, porque nós seguimos o roteiro de entrevista do jeito que construímos lá no SetUp.
No entanto, caso você se sinta confiante para perguntar ou adaptar uma pergunta que esteja fora do roteiro, faça-o. Isso pode trazer mais dinamismo para o momento e fazer com que você demonstre domínio na sua atuação.
Você não necessariamente precisa improvisar uma pergunta do zero. Mas o que acha de usar uma pergunta já estruturada no roteiro e adaptá-la enquanto você pergunta à pessoa entrevistada. Por exemplo:
No roteiro: “Você pode me contar sobre um case de sucesso seu na empresa X?”
Adaptação: “Você me contou um pouco sobre o seu dia a dia na empresa X, muito legal, parabéns pela sua atuação! Eu gostaria que você me trouxesse qual foi o seu case de sucesso durante essa experiência. Qual foi a sua contribuição, quais tecnologias você utilizou e com quem interagiu durante o processo?”
Percebe como dessa forma o nosso tom fica bem mais convidativo e interativo?
Isso pode ajudar a pessoa entrevistada (e você também) a se sentir mais confortável para compartilhar as experiências dela com você, e, desse modo, você consegue extrair muito mais informações do que se tivesse perguntado da forma que está no roteiro.
DICA nº 7: Se permita ser vulnerável
Se permita ser vulnerável. Sim, isso mesmo. Como falei acima: ninguém nasceu sabendo.
Então, caso não se sinta confiante para conduzir a entrevista com os talentos, você tem a liberdade para explicar que você está iniciando nessa área e que você estudou para estar ali, mas não sabe de tudo ainda.
Se por acaso a pessoa entrevistada estiver falando muito rapidamente, ou falando sobre termos técnicos difíceis e você não conseguir acompanhar, você tem a liberdade para interromper a pessoa de forma educada, e falar para ela que você está com dificuldades para entender o que está sendo explicado.
Assim, você pode pedir à pessoa para ela te explicar aquilo em termos simples ou mais pausadamente. Não se preocupe, as pessoas irão compreender que aquela não é a sua área, e você não tem a obrigação de saber de tudo. Normalmente, as pessoas irão compreender o seu momento, e tentar adaptar as suas explicações.
Caso isso não ocorra e a pessoa te trate com desrespeito, tente manter a calma e tranquilidade, porque isso demonstra bastante sobre os aspectos comportamentais daquela pessoa naquele momento! Então, a dica é: tente olhar para o lado positivo da sua vulnerabilidade, usando as situações como as citadas acima como ferramentas de avaliação também!
Se, por exemplo, um profissional sênior não consegue respeitar você, um entrevistador iniciante, será que ele vai conseguir respeitar outros membros do time com senioridade inferior à dele? Fica a reflexão.
DICA nº 8: Como sondar o comportamental?
De modo geral, existem duas formas básicas de sondar o comportamento de uma pessoa entrevistada, e as duas podem trabalhar em conjunto.
A primeira forma é literalmente analisar o comportamento da pessoa durante a entrevista, e você pode perceber aspectos positivos ou negativos nesse processo também. Por exemplo:
Aspectos Negativos:
- A pessoa pode estar olhando para os lados ou para baixo muitas vezes;
- Ela também pode aparentar não estar prestando atenção no que você fala (exemplo: ela claramente está mexendo no celular durante a entrevista);
- Ela pode apresentar uma comunicação prolixa, ou seja, tem dificuldades em falar objetivamente e de se manter no cerne da questão;
- Ela pode apresentar uma comunicação demasiadamente abreviada, não sendo capaz de dar explicações mais aprofundadas;
- O tom de voz pode apresentar diversos sentimentos, sejam eles positivos ou negativos.
- Pode acontecer de você ser interrompido durante alguma pergunta ou fala sua, ou seja, a pessoa tem dificuldades em escutar;
- A pessoa pode apresentar uma comunicação passiva-agressiva também, como, por exemplo, falar mal da empresa anterior ou de algum colega de trabalho.
Aspectos Positivos:
- A pessoa pode se demonstrar empolgação na sua postura, tom de voz ou conteúdo da sua fala;
- A pessoa sabe respeitar quando é o seu momento de falar, e quando é o dela;
- Ela também pode te fazer perguntas durante a entrevista, e tornar o momento mais leve;
- A pessoa consegue expressar bem a sua linha de raciocínio sem fugir muito do cerne da questão;
- Ela consegue te explicar de forma técnica ou de forma não técnica, quando necessário.
A segunda forma de análise está relacionada ao momento que você faz perguntas específicas para sondar algum aspecto comportamental da pessoa.
Por exemplo, se uma determinada posição tem como requisito uma soft skill relacionada à proatividade, você pode perguntar algo como:
“Durante a sua trajetória, você já viveu algum caso onde você identificou uma oportunidade de melhorar algum processo e agiu para realizar isso? Me conta um pouco sobre como foi essa situação, por gentileza.”
Perceba que a resposta para essa pergunta irá te trazer um exemplo de proatividade que a pessoa vivenciou na prática, o que pode facilitar a sua avaliação. E isso pode funcionar para uma variedade de soft skills como a Comunicação, Trabalho em Equipe, Autonomia, entre outros.
Então, uma boa estratégia seria alinhar esses dois métodos de análise comportamental no momento da entrevista, para que assim, você possa ter uma avaliação mais criteriosa da pessoa entrevistada.
DICA nº 9: Entrevista – Interrogatório ou Bate-Papo?
Aqui na Intera, nós temos o costume de substituir a palavra “entrevista” por “bate-papo”, “conversa” ou “call (chamada)”. Porque entendemos que o momento da entrevista não precisa ser um interrogatório.
Acreditamos que existem mais desvantagens do que vantagens em uma entrevista em que a pessoa entrevistadora somente pergunta e a pessoa entrevistada só responde.
Isso, além de tornar o processo menos interativo, também pode dificultar na extração de informações que você precisa realizar nesse momento.
Então, em suma, uma entrevista de emprego pode (e deve) ser um Bate-Papo,
um diálogo, não um interrogatório.
Quando isso acontece, a pessoa que está sendo entrevistada tende a se sentir mais à vontade para passar informações relevantes, porque ela deixa de estar em um ambiente de pressão. Ou seja, ela está ali apenas conversando com você.
Entendo que, nas primeiras vezes, as suas entrevistas tendem a soar como um interrogatório. Por este motivo que apresentei a Dica nº 6, onde comento que você não precisa ter medo de improvisar.
Ao fazer isso, você consegue ir “se soltando” de forma gradual e tranquila enquanto absorve um grande aprendizado durante o processo.
Te desejamos boa sorte nas suas próximas entrevistas e esperamos que essas dicas te auxiliem de alguma forma!
Caso o seu time de recrutamento precise da ajuda dos nossos especialistas, basta entrar em contato com a gente clicando aqui.
Um sorriso de orelha a orelha (:
